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Atenção: este texto apresenta uma visão política baseada em pressupostos de cooperação democrática assente nos princípios de: Liberdade, Igualdade e Fraternidade – ou seja- um maldito de um moderado. Caso não concorde, pode parar de ler aqui e não precisa de deixar insultos nos comentários, apague e siga em frente.

Vejo com preocupação o resultado das próximas eleições. Não o resultado em si, mas o que daí resultará como reação política a esses ditos resultados. Bem sei que as sondagens são instrumentos que, tornados públicos, transformam a própria realidade que pretendem prever e, como tal, contribuem ironicamente para o seu próprio falhanço. Ainda assim, estou preocupado.

Identifico, no que a política diz respeito, dois tipos de seres: as pessoas com quem se pode, e até dá gosto, falar de política e aquelas com quem não vale a pena! Pessoalmente, tenho encontrado de ambas em todos os partidos políticos.

De igual forma, os regimes de governação política arrumo-os, na simplificação que me ajuda a estruturar as ideias, nos que se baseiam em: respeito pelos direitos, liberdades e garantias; separação de poderes; estado de direito; eleições livres e justas; liberdade de imprensa e liberdade de expressão e que requerem, nessa separação de poderes, e de liberdades e garantias, consensos e cooperação entre diferentes grupos políticos – a que, na falta de melhor termo, chamo de Democracias. E os outros, que se baseiam, de forma simplificada, na: imposição de uma única visão do mundo e que rapidamente degeneram na restrição de liberdades individuais e perseguição de não alinhados.

A erosão das Democracias, de que tanto se fala agora, dá-se de diversas formas (há ciência sobre isto!) e a polarização política é uma delas. Ora, a polarização só acontece quando, pelo menos, duas forças se opõem ferozmente uma à outra. Ambas solidamente firmadas na convicção de que apenas a sua forma de ver o mundo está correta e de que na dos outros não existe absolutamente nada de valor a não ser interesse próprio, maldade e retrocesso. A partir desses posicionamentos extremados irradia-se violência e agressividade (auto-percebida como generosidade e justiça). Esta manifesta-se frequentemente no insulto e na tentativa de anulação do outro. Entre o “socialista” e o “fascista” fica muito “ISTA” e o raio que o parta, de que temos absolutamente de livrar o país!

Ora, fazem-me confusão os absolutos, assim como as sugestões de limpeza política.

Daí que tenho pautado a minha apreciação dos posts nas redes sociais de carácter político pelo grau de agressividade e de imposição de ideias e convicções que emanam, por se afirmarem as únicas válidas! E sim, estou inquieto.

Entre a construção de consensos e a imposição de verdades julgadas maiores, sei bem de que lado estou. Portugal já perdeu demasiado tempo a navegar na maionese de um regime que nunca valorizou as pessoas e aquilo de que são capazes quando vivem em liberdade e, no que depender de mim, estes 50 anos de democracia, não serão desperdiçados. Ainda há muito Abril por cumprir. Fica a reflexão.